Não é só de microplástico que "vive" o lixo do Ártico.
Em estudo publicado na revista Facets, pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá, liderados por Chelsea Rochman, revelaram que microplásticos - fragmentos de plástico menores que cinco milímetros - e outros pequenos pedaços de detritos gerados pelo homem estão presentes em 90% dos estudos sobre água e plâncton e 85% das amostras de sedimentos.
No entanto, além do microplástico, que já não é uma grande surpresa ser encontrado nos mais remotos cantos do planeta, os pesquisadores ficaram intrigados com a cor dos detritos encontrados nas amostras, que revelaram um outro tipo de material: algodão tingido.
O estudo coletou amostras de água e sedimentos de 36 locais ao sul da Baía do Rio Hudson e os resultados apresentaram pistas importantes sobre a origem dos fragmentos, demonstrando que eles não vêm das comunidades do ártico e que a distância para as vilas mais próximas não faz diferença na quantidade de detritos na água. Isso corrobora pesquisas anteriores, que sugerem que as partículas se movem para o norte através das correntes aéreas ou oceânicas.
A maioria dos fragmentos estava na forma de pequenas fibras. A maioria de algodão e azul, provavelmente proveniente de jeans. "Existe um corante chamado índigo carmine que aparece muito em [nossa análise]. Isso é conhecido por ser usado em jeans azul. Às vezes é usado em poliéster, mas o uso majoritário é o algodão”, disse a pesquisadora à rede CNN de notícias.
Estudos anteriores descobriram pouca diferença na taxa de degradação do algodão ou poliéster. "O algodão é, com certeza, um pouco mais rápido, mas ainda é muito lento", disse Rochman. Corantes e outros aditivos aumentam a mistura - e a incerteza. Ambos, no entanto, podem ser um problema para a vida marinha em termos de asfixia e bloqueio do trato gastrointestinal,
Um trabalho de pesquisa divulgado no outono passado pela Ocean Wise Conservation Association de Vancouver disse que cerca de 880 toneladas por ano de fibras de roupas lavadas são lançadas nas águas residuais da América do Norte a cada ano, embora as estações de tratamento capturem a maior parte delas.
A pesquisa segue em laboratório, com testes de toxicidade para observar a diferença entre o poliéster e o algodão. Rochman ressalta que o aumento gradual dos níveis de microplásticos e outros fragmentos nos mares do Ártico é apenas um fator estressante em um ecossistema que enfrenta mudanças em muitas frentes. O gelo do mar está derretendo; as águas estão ficando mais quentes e mais ácidas; e o uso humano está aumentando.
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