Em artigo que será publicado na edição de junho de 2020 da conceituada revista científica Marine Pollution Bulletin, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal da Bahia comprova que uma espécie de ouriços do mar (Lytechinus variegatus) tem preferência por utilizar lixo marinho para se cobrir em detrimento de elementos naturais.
Isso não é uma grande novidade para quem mergulha nas ações do Projeto Verde Mar e comumente se depara com este tipo de situação no fundo do mar. Agora, comprovada cientificamente.
Abaixo o resumo do artigo:
"Não obstante os impactos dos detritos marinhos na fauna por ingestão e asfixia, pouco se sabe sobre o comportamento relacionado a detritos. Lytechinus variegatus é um ouriço-do-mar comum conhecido por seu comportamento de cobertura. Nossa hipótese foi de que L. variegatus selecionaria mais detritos marinhos (ou seja, lixo) do que o material natural como cobertura e também esperávamos que o material natural e artificial selecionado fosse diferente em peso, tamanho e transparência. Aleatoriamente, coletamos detritos marinhos e material natural em 20 indivíduos de L. variegatus e no fundo, ao redor de cada indivíduo. Todo o material amostrado foi pesado, medido e classificado quanto à opacidade, natureza (natural ou artificial). Nossos resultados mostraram que: i) os ouriços do mar pegaram mais lixo do que objetos naturais; ii) o peso proporcional do lixo transportado pelos ouriços foi significativamente maior do que o esperado; iii) ao considerar todos os objetos (nos ouriços e no fundo) o lixo era mais pesado, mais largo e menos opaco que o material natural e iv) o lixo transportado pelos ouriços era mais largo e menos opaco que o material natural. Sugerimos que o lixo pode influenciar a proteção do ouriço contra a luz solar, para a camuflagem e lastro e que os ouriços do mar com este comportamento de cobertura podem ser usados como indicadores de detritos marinhos nas águas costeiras e profundas
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