Se não fizermos nada para superar a crise climática e seguirmos neste ritmo de emissão de gases de efeito estufa, até o final do século praticamente todos os ursos polares (Ursus maritimus) desaparecerão do planeta. É o que sugere um estudo publicado no último dia 20 de julho na revista Nature Climate Change, que prevê que o habitat do gelo marinho dos ursos diminua a tal ponto que os animais serão privados de comida.
Os ursos polares dependem do gelo do mar para caçar focas e, quando o gelo está ausente, eles são forçados a ficar onde não conseguem encontrar comida. Como o gelo marinho do Ártico diminui em resposta ao aquecimento, os ursos polares precisam jejuar por períodos mais longos.
Segundo o estudo, o jejum prolongado já reduziu a condição corporal, a reprodução, a sobrevivência e a abundância em algumas subpopulações de ursos polares, e tendências similares são esperadas em todo o Ártico, à medida que a perda de gelo continua. No entanto, ainda não está claro quanto tempo os ursos podem jejuar antes que ocorram quedas substanciais na lactação (e, portanto, no recrutamento de filhotes) e / ou na sobrevivência de adultos. A perda contínua de gelo marinho ameaça a sobrevivência dos ursos polares em todo o Ártico.
De acordo com o modelo matemático que os autores fizeram para estimar a sobrevivência dos ursos polares em um cenário de altas emissões de gases de efeito estufa, praticamente todas as populações de ursos polares, exceto algumas, entrariam em colapso até 2100.
Com os dados, foi estabelecida a provável natureza, época e ordem dos futuros impactos demográficos, estimando o número limite de dias que os ursos polares podem jejuar antes que o recrutamento de filhotes e / ou a sobrevivência de adultos sejam afetados e diminuam rapidamente. A interseção desses limiares de impacto em jejum com o número projetado de dias sem gelo, estimado a partir de um grande conjunto de um modelo, revela quando os impactos demográficos provavelmente ocorrerão em subpopulações diferentes no Ártico. O modelo capturou tendências demográficas observadas entre 1979 e 2016, mostrando que os limites de impacto de recrutamento e sobrevivência já podem ter sido excedidos em algumas subpopulações.
Estima-se que existam pouco menos de 30mil ursos na natureza, em 19 subpopulações, divididas em quatro ecorregiões árticas, entre Alaska, Noruega, Canadá e Sibéria.
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